“Dunkink” e “O Destino de uma Nação”
São muitas as formas de retratar o mesmo tema na tela do cinema. Alguns enredos, inclusive, são intermináveis: como os inúmeros filmes que retratam as Guerras Mundiais. Difícil encontrar alguém que não tenha visto pelo menos uma dezena de produções que retratam diferentes olhares dessa época, incluindo os combates, o genocídio, os conflitos internos e externos… E mesmo focando um determinado ponto de uma guerra específica, encontramos diferentes filmes retratando o mesmo assunto.
A batalha de Dunquerque, por exemplo, já foi desenhada no cinema em várias produções, novas e antigas. Na operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunquerque, soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França foram rodeados pelo exército alemão e dependiam de resgate durante uma feroz batalha no início da Segunda Guerra Mundial – inclusive, numa enorme coincidência, dois filmes que estão concorrendo ao Oscar 2018 em muitas categorias apresentam o tema. “Dunkirk” (que estava em cartaz em julho de 2017 e voltou ao cinema por causa do Oscar só por alguns dias) tem oito indicações e se destacou em categorias técnicas: melhor filme, diretor (Christopher Nolan), fotografia, direção de arte, trilha sonora, edição, edição de som e mixagem de som; já “O Destino de uma Nação”, que ainda está em cartaz em BH, tem seis indicações, incluindo melhor filme, fotografia, direção de arte, figurino e maquiagem, além da indiscutível nomeação para melhor ator, em que Gary Oldman já pinta como barbada, com sua atuação surpreendente do primeiro-ministro da Grã-Bretanha Winston Churchill.
As duas produções são dignas de serem vistas no cinema. Uma retrata a prática da guerra e alguns de seus personagens; a outra mostra os bastidores políticos e as negociações longe do campo de batalha. “Dunkirk” destaca-se pelo tecnológico: além de filmar nos mesmos locais onde centenas de milhares de soldados aliados deixaram a França rumo ao Reino Unido, Christopher Nolan usou navios reais para filmar as cenas marítimas e realizar cenas que, segundo ele, não seriam as mesmas com efeitos especiais digitais. A história acompanha três momentos distintos: uma hora de confronto no céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy) precisa destruir um avião inimigo; um dia inteiro em alto-mar, em que o civil britânico Dawson (Mark Rylance) leva seu barco de passeio para ajudar a resgatar o exército de seu país; e uma semana na praia, em que o jovem soldado Tommy (Fionn Whitehead) busca escapar a qualquer preço.
“O Destino de uma Nação”, do diretor Joe Wright, também retrata esse que foi um dos mais turbulentos momentos da história, só que sob outra perspectiva. Ao ver as forças nazistas percorrendo toda a Europa Ocidental, uma ameaça de invasão eminente a uma população despreparada, um rei cético e um partido que conspira contra seu líder, Churchill (Gary Oldman) fica dividido entre negociar um tratado de paz com a Alemanha de Hitler e firmar a luta pelos ideais em prol da liberdade de uma nação. A maquiagem que transforma Oldman em Churchill é impressionante. E não só isso! Uma performance única, humanizada,com direito a um exímio trabalho de postura, facial e corporal (na forma como se move ou simplesmente como se posiciona sentado no escuro). Não tem jeito, o Oscar é dele!
O fato é que você, leitor, tem uma oportunidade única, assim como eu tive, de assistir a duas produções históricas, uma dobradinha muito interessante e totalmente independente da guerra mais abrangente da história, que teve mais de 100 milhões de militares mobilizados. “Dunkirk” tem três linhas espaciais diferentes, em terra, no mar e no ar. “O Destino de uma Nação” tem uma única linha a seguir, o da decisão política. Um complementa o outro, um acrescenta ao outro. Eles se ampliam, se dilatam, se agregam, são dignos de estatuetas. Duas formas distintas de retratar o passado, maneiras excepcionais de reviver o histórico. É só ver pra crer!
Até semana que vem!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
[…] psicológico tem seu lugar, né? Não é à toa que, nos últimos meses, assisti a filmes como “Fragmentado” (2016) e “Corra!” (2017) e amei… Além, é claro, dos clássicos arrematadores nessa […]