“O Grande Hotel Budapeste”
É difícil escolher um filme para “investir” seu tempo, né? E, às vezes, essa tarefa árdua pode resultar em um triste e emburrecido final, já que a escolha nem sempre é certeira. Eu sou daqueles que, mesmo se o filme estiver ruim, vou vendo, vendo, vendo… até o final – porque insisto na esperança de uma reviravolta arrebatadora e positiva. Mas, para ajudar nessa escolha, algo que a gente pode focar é nas indicações e nos prêmios do Oscar.
Então, foi empolgado com as nove indicações de “O Grande Hotel Budapeste” e com os quatro prêmios do Oscar 2015 (melhores trilha sonora, design de produção, figurino e maquiagem e cabelo), dominando a parte técnica, que me empolguei e acertei! No filme do diretor e roteirista Wes Anderson, que está disponível no Telecine Play, em meio a rostos conhecidos pelo grande público, como Willem Dafoe, Jude Law, Adrien Brody, Edward Norton e Bill Murray, Ralph Fiennes é a grande atração. Não sei nem como ele não foi nem indicado como melhor ator, entre tantas indicações. Mas é esse protagonista que vai nos brindar com uma fantasia sagaz.
De cara, eu já gostei do que via: o filme conta uma história dentro de uma história, dentro de outra história. Na primeira cena, uma menina abre um livro, cujo enredo seria narrado. Um escritor aparece em um escritório e vai contando tudo que viveu no grande hotel. A partir daí, a trama vai se passar em dois tempos: em 1968, quando esse mesmo escritor mais jovem (Jude Law) ouve a história do proprietário de um hotel decadente, e nos anos 30, quando o proprietário era apenas um mensageiro, fiel escudeiro do concierge M. Gustave (Ralph Fiennes).
Se você pensa que essa demasiada contação de histórias vai te confundir, você está muito enganado. Todas as brilhantes ideias de cena são gravadas em planos incríveis, lineares, eximiamente enquadrados, e a sequência fica interessantíssima e muito bem interpretável. Assim, a trama vai sendo identificada num universo de personagens excêntricos e de humor refinado. E é em dois desses personagens que o grande lance do filme aparece na pergunta: existe valor para uma grande amizade? A relação do proprietário do hotel com seu destemido mensageiro Zero se transforma no mais trivial encontro que duas pessoas completamente diferentes – mas com objetivos em comum – podem viver. Qual é o real sentido da vida se você não encontrar alguém que faça sentido em ter sentido tudo aquilo? E isso nem é complicado, veja bem: você somente estará bem, feliz e realizado com alguém – ou “alguéns” – ao seu lado. Isso é fato! No caso dos dois personagens, eles se completam. O mais pobre vê no mais rico uma ascensão, um futuro promissor; já o mais rico enxerga no mais pobre uma oportunidade ou ajuda para se safar das injustiças de um caso de herança mal resolvido.
Ou seja, um depende do outro, e eles traçam o seu próprio destino por meio de uma valiosa amizade. Assim, o enredo é montado, e o tal corre-corre para se dar bem e sair ileso no lance da herança se move naturalmente, como uma diversão incorrigível e colorida. O universo conspira a nosso favor, eu acredito muito nisso. Então, se fizermos a coisa certa, em algum momento da vida vamos colher o fruto desse ato excepcional. É assim nos filmes, é assim na vida. O que a gente precisa é acreditar. Acredite: a amizade mais valiosa é a sua! E botar sua fé numa boa companhia, num laço verdadeiro, para então seguir a vida, é algo insubstituível. Desenhe sem medo o seu roteiro: ele é o melhor enredo de qualquer história que possa contar.
Até semana que vem!
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