O restaurante Pacato completa um ano de funcionamento e lança um novo menu com homenagem, crítica e cultura além, é claro, de uma experiência gastronômica ainda mais profunda na cozinha de quintal mineira. O Vale do Jequitinhonha é o centro do cardápio que estreia na casa. Eu fui experimentar e amei!!!
O chef Caio Soter e o restaurateur Vitor Velloso propõem uma reflexão sobre a dicotomia entre a grande riqueza da região, o barro, cujo artesanato característico é reconhecido como patrimônio do estado, e a lama – símbolo da degradação trazida pela atividade extrativista ao estado como um todo, mas sobretudo aos rios mineiros. Uma experiência completa.
Para trazer o Jequitinhonha à mesa, o Pacato se vestiu da terra, nas cores, na decoração, nas louças, bordados e utensílios que foram selecionados em uma expedição de imersão na região. No prato, ingredientes como marmelo, queijo cabacinha, broto de samambaia, geleia de mocotó, pintado, pequi, carne de sol, palma, maracujá do mato, tamarindo, entre outros produtos. Os preparos seguem a proposta do Pacato desde a sua inauguração: a cozinha mineira legítima, fundada no quintal, sempre com o pé na tradição, mas acrescido de técnicas contemporâneas e inovações da moderna interpretação de Soter.
Essa novidade vem com trilha sonora. Vitor Velloso convida um artista mineiro para compor e gravar uma canção original sobre o tema. O convidado da vez não poderia ser mais especial: Paulinho Pedra Azul, um dos mais renomados músicos do Vale, que completou recentemente 40 anos de carreira, preparou uma letra inédita para a parceria, acrescida por Vitor na melodia.
Menu “Do barro à lama” – menu de nove tempos.
Primeiro: três quitutes chegam à mesa como em um café da manhã: pão de queijo, biscoito de polvilho e broa de milho. O “café” também é servido na hora, mas será uma surpresa ao gole.
Segundo: três beliscos, entre eles algumas delícias já conhecidas pelos clientes da casa, como a ostra de frango e o jiló defumado ao molho de mostarda, que vem em nova versão. A novidade do suflado de mandioca com requeijão moreno e porco curado completam o trio. Esse suflado de mandioca é uma das coisas mais deliciosas que já provei.
Terceiro: um refresco antes do prato principal: uma raspadinha de cana com óleo de limão capeta e manjericão.
Quarto: peixe de rio, o surubim (ou pintado) é feito no vapor dentro de uma panela de barro, e servido com refogado de folhas da horta, broto de samambaia, beldroega e caldo “rio e terra”.
Quinto: empadinhas de frango e porco, um típico “lanche” mineiro, com sabores surpreendentes: galinha caipira, castanha de pequi e broto de coentro, massa de pururuca de porco, gelatina de colágeno, tartare de porco curado, esferas de coentro e de pequi. A cachaça é o acompanhamento perfeito.
Sexto: a carne de sol na manteiga de garrafa, em uma cocção perfeita.
Sétimo: Com o nome “A Degola”, o Pacato apresenta seu sétimo e mais impactante prato: frango ao molho pardo com angu de corte, no qual o comensal vai degolar o frango em cima da bandeira de Minas Gerais. Impactante.
Oitavo: sobremesas encerram o menu com doce e quitandas. Primeiro a torta de queijo cabacinha com marmelada e, finalmente, uma seleta de quitandas do Vale.
Nono: Os sabores do Jequitinhonha finalizam a refeição, com queijo do serro, rapadura, marmelada, biscoito amanteigado, requeijão moreno e bala de coco recheada com goiabada.
Acho uma experiência gastronômica incrível! Para ser completa, o menu pode ser harmonizado em uma carta selecionada pelo sommelier Gustavo Giacchero com opção de cervejas, vinhos ou drinks não alcoólicos.
De Quarta a Sábado, de 19:00 as 23:00 hrs. Rua Rio de Janeiro 2735, Lourdes. https://pacatobh.com.br/
Um beijo!
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