Certa vez, Jacques Lacan, psicanalista francês, um dos responsáveis por manter a psicanálise viva depois de Freud, ofereceu durante um ano o seminário intitulado “Os não-tolos erram”. Não pretendo me ater aqui ao conteúdo do seminário, mas unicamente a seu título, tentando fazer um link com o meu.
“Os não-tolos erram”. Sempre achei esse título genial, sobretudo porque além de seu complexo sentido sempre que o leio me vem juntamente o riso. Independente do significado que Lacan pretendia com seu título, vou fazer aqui um uso pessoal dele. Reconhecer-se tolo, para mim, é o que chamo de primeiro passo para se conhecer melhor, rever os erros cometidos, enfim, crescer na vida. Por qual motivo é o que pretendo explicar. Um exemplo comum é o que já tratei aqui em um texto. Muitas das dificuldades que algumas pessoas encontram para procurar um tratamento psicanalítico ligam-se a isso. Embora seja evidente para todos em seu entorno, aquela pessoa insiste em cultivar o erro, não raras vezes beirando o cômico. Seria melhor, então, assumir-se logo tolo! Mas é justamente por não conseguir se reconhecer enquanto tal que essa pessoa insiste no erro, dando murro em ponta de faca, metendo os pelas mãos e assim por diante. O organismo, é o que parece, produz anticorpos contra a tolice.
Embora pareça piada de psicanalista, acreditem: reconhecer-se tolo é uma arte… e das mais difíceis de serem aprendidas. Antes de se reconhecer tolo, é comum culpar quem estiver mais próximx, nem que seja Deus o próximo da lista, ou o pai, a mãe, x chefe, o tempo, o clima, o destino, a falta de grana, de amor ou de coragem. Pra se assumir tolo é preciso coragem. Coragem pra assumir seu erro, perceber o quão tolo foi em determinada circunstância, assumir, enfim, sua tolice. Por que motivo você não disse a elx que x amava, quando isso era o que mais importava? Por que motivo não pediu desculpas a aquelx que você julgou precipitadamente? Por que não desistiu daquele sonho empoeirado que já não respira mais? Por que hesitou quando à sua frente havia o que mais te movia? Não se enganem, é o orgulho quem sempre fala alto nessas situações, o orgulho, o pai dos não-tolos, xs que erram.
Se eu tivesse um único conselho a dar para alguém (correndo o risco de parecer tolo) seria tão somente esse: se familiarize com sua tolice, a única garantia para não errar mais (ou errar bem menos).
Ps: o uso do x no lugar do artigo que definiria o gênero em determinadas palavras foi usado propositalmente pra que cada um enxergue no seu x o que mais gostaria de encontrar.
Espero tê-lxs divertido ao menos um pouco com tudo isso. Até a próxima!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Perfeito. É assim mesmo. Sou uma tola. Ainda tenho cura? Otimo texto.
Gostei do texto ! Eu sei quando sou tola e isso me deixa doida prá desfazer a tolice.. O pior é quando continuamos com a tolice. Ai já é burrice…!! Fico p da vida comigo mesma.
Perfeito. É assim mesmo. Sou uma tola. Ainda tenho cura? Otimo texto.
Gostei do texto ! Eu sei quando sou tola e isso me deixa doida prá desfazer a tolice.. O pior é quando continuamos com a tolice. Ai já é burrice…!! Fico p da vida comigo mesma.