A Corrida e eu: Como tudo começou

Comecei a correr aos 15 anos, quando parei de jogar vôlei. Não gostava de malhar, e gastava minhas mensalidades da academia na esteira... Gostava daquela máquina e de brincar com ela, ia aumentando a velocidade, inclinação… sempre com o diskman na mão! Imaginem quanto tempo tem isso! rsrs..

Até que um dia, o professor da academia (que depois veio a ser meu treinador) me inscreveu em uma prova de 10km!

Respondi:  “10 qui-lo-me-tros???” Não fazia idéia de quanto era essa distância, nem o que ela significava. Só sei que encarei e no domingo seguinte estava lá.

Meu pai foi me levar e assustou: “Não vou deixar minha única filha, com 15 anos, correr no centro da cidade, num domingo de manhã, no meio desse tanto de gente esquisita!!!” (morri de rir! Mal sabia ele, que logo depois, eu também faria parte da “turma esquisita”). A verdade é que naquela época, correr não era moda… As pessoas nos olhavam com cara de loucura mesmo…

E foi assim que o mosquito me picou. Tanta energia boa, pessoas alegres, alto astral, “do bem”… Pessoas tão diferentes uma das outras, que, de short e regata éramos todas iguais! Por isso sempre digo, que a mudança que a corrida produz é de dentro para fora.  É um esporte que nivela e iguala todas as pessoas, independente de nível social, status, cor ou deficiência. Corremos sempre lado a lado, todos juntos!

Depois dessa prova, nunca mais parei.

Entre os 15-16 anos ganhava várias provas (até porque não era comum meninas daquela idade levar a corrida a sério) e era muito incentivada pelos  meus treinadores, na escola, pelos meus pais e amigos. Sempre fui disciplinada e dedicada. Ainda estudante, já saía de casa com 3 mochilas: da escola, do treino e do cursinho! Pegava carona da escola, guardava minhas “malas” no saudoso “Natural” da Lagoa Seca, e corria sem parar. Eu e Deus! Não tinha ninguém e não tinha perigo nenhum (#momentonostalgia).

De lá, passava uma água do rosto, lencinhos umidecidos (#banhodegato) e já ia pro cursinho! Sempre gostei desse corre-corre e confesso que até hoje não mudou muito!

Enfim, vai aí um breve histórico das provas que me marcaram ao longo desses quase 13 anos na “pista”:

Aos 17 já estava fazendo minha primeira meia-maratona (21km) e aos 19, minha primeira Maratona em Paris (42km – fiquei em 3 lugar na minha categoria).

Hoje, já participei de várias das principais provas: 3x maratona de Paris, maratona de Nova York, Buenos Aires e Berlim, onde fiz meu melhor tempo, neste ano, com 3hrs e 23 min de prova.

Foram 14 Meia-maratonas, a maioria delas no Rio de Janeiro – prova clássica para mim.

Participei por 2 anos da prova Nike 600k (prova de corrida mais cara do mundo que ocorreu 3 vezes no Brasil); Volta à Ilha em Floripa, Volta Internacional da Pampulha, e muitas provas curtas de 10 e 5 km.

Ao longo do tempo, vou contando um pouquinho sobre essas provas incríveis para vocês!

Acho engraçado quando escuto as pessoas falarem: Ah, essa prova pra você é fácil! Vc corre Maratona!!! A verdade é que eu amo corridas longas, mas para mim não existe prova fácil.

Como tudo na vida, Tudo depende da intensidade que vc coloca naquilo que você faz.  Faço todas as provas com vontade de melhor, aprender,  me superar , e tento dar  meu melhor no momento.

Nunca corro uma prova com o objetivo de ganhar. Não sou competitiva o bastante e por isso não dei certo nos esportes de competição (vôlei, tênis…). Durante as corridas, a gente não faz idéia de quem é da nossa categoria, por isso minha competição é apenas comigo mesma. Quero sempre melhorar, bater meu próprio recorde. E isso é o mais emocionante! Competir comigo mesma e torcer por todo mundo.

Corrida é meu hobby que levo a sério; e quero mostrar que é possível levar uma vida normal, sem abrir mão do esporte, do bem estar e da vida saudável. Aprendi a fazer malabarismo com meu tempo. Trabalho muito, tenho horário, faço pós graduação, namoro e encontro os amigos e família. Basta fazer tudo com paixão, se organizar, “periodizar” (dar limite de tempo) as fases de treinos mais intensos e ter equilíbrio.

Adoro meu corre-corre do dia-a-dia…. Isso me faz sentir “viva”, sensação que estou aproveitando bem os dias que Deus me deu! E que sejam muitos!!!

Um beijo,

Crédito da Foto: Natália Vasconcelos