A culpa é das estrelinhas! - BH DICAS
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A culpa é das estrelinhas!

  • por em 2 de dezembro de 2016

“Elis”, “Pequeno Segredo” e “Estamos Juntos”

Nesta semana, assisti a três filmes brasileiros, e as sensações foram completamente distintas. Uma pena, já que eu tinha boa expectativa sobre todos eles! Um foi bem ágil, o outro foi bem lento, e o terceiro não vale nem comentar. “Elis”, a cinebiografia da maior cantora brasileira, Elis Regina, parece ligado no 220v, como deve ter sido a vida da nossa diva. “Pequeno Segredo”, longa nacional escolhido para batalhar por uma vaga no Oscar 2017 como um dos concorrentes a melhor filme estrangeiro, é devagar como quem navega pelo mar, como quem guarda um segredo importante e não pode nunca revelar. Já sobre o terceiro, “Estamos Juntos”, drama com Leandra Leal e Cauã Reymond, não sei nem o que expressar. Os dois primeiros estão em cartaz no cinema, já o último está na Netflix e deveria ser retirado do ar.

Então, pra ser direto, vamos falar de coisa boa? Tipo: o que os dois primeiros têm de bom e que pode te levar até uma sessão? No filme de Hugo Prata, a vida de Elis Regina, da adolescência até a sua morte precoce, aos 36 anos, é pincelada com rapidez. A história passa pelo conturbado casamento com Ronaldo Bôscoli, a redenção amorosa com César Camargo Mariano, o embate com a ditadura militar e os problemas com drogas no fim da vida. Isso sem esquecer a figura ímpar e crescente nos palcos e da supermãe que se tornou. Todos nós sabemos a grande mulher musical que perdemos. E, para representá-la, outra mulher talentosa e determinada deveria surgir. A atriz Andreia Horta é a própria representatividade dessa determinação. O melhor do filme é ela. Foram meses de preparação, jornadas diárias de oito horas de treinamento. Aulas de canto para dar mais naturalidade às cenas, mesmo sendo da Elis verdadeira a voz das músicas que embalam o filme. Mais do que justo! Não haveria como interpretá-la nem chegar a seu incomparável timbre. Mas é impressionante tamanho perfeccionismo da atriz nas várias e históricas apresentações musicais relatadas no filme. Os olhos arregalados, os braços agitados, o sorriso enorme com as gengivas à mostra, o cabelo curtinho, a personalidade forte, os trejeitos e as mínimas expressões… Todas as honras para Andreia, a grande estrela, a responsável por deixar a produção primorosa e crível. Em entrevista ao “Altas Horas”, de Serginho Groismann, Andreia revelou que, desde quando era uma atriz iniciante, há muitos anos, buscava esse papel de interpretar Elis. Pra mim, valeu a espera e para sempre será lembrada. Teve a Marion Cottilard, que ficou marcada por viver Edith Piaf, Daniel de Oliveira, que fez história como Cazuza, Val Kilmer, que ficou a cara do Jim Morrison, do The Doors, e agora Andreia Horta, brilhante como Elis. A Pimentinha agradece! Já eu daria umas quatro estrelinhas por todo o conjunto da obra!

Mudando o rumo da prosa: baseado em fatos reais, o filme “Pequeno Segredo” gira em torno da família Schürmann, conhecida por suas viagens marítimas. Entre os holofotes dessa família está Kat (Mariana Goulart), uma menininha frágil, mas de muita personalidade. Ela vive com os pais, Heloísa (Júlia Lemmertz) e Vilfredo (Marcello Antony), que a adotaram de um casal de amigos. O filme centra seu enredo na infância da garotinha e na fase em que seus pais biológicos se conheceram. Numa lentidão profunda, o filme só fica interessante depois que o “pequeno segredo” é revelado, lá na frente, depois da metade da produção. É óbvio que não falarei aqui qual é o segredo, mas garanto que é surpreendente. Até então, o longa não mostra a que veio, com cenas cansativas e enfoques desnecessários. Vale para você conhecer o longa que está na disputa pelo Oscar e se deparar com a bela lição de vida que essa família deixa registrada oficialmente, inclusive pela direção de um deles, David Schürmann. É pra pontuar? Três estrelinhas, no máximo. Não passa disso!

Já sobre o terceiro, nossa… mesmo depois de todas as deixas, você ainda quer que eu fale sobre “Estamos Juntos”? Melhor não… Minha intenção aqui não é ser aqueles críticos imperdoáveis, aqueles caras negativos que só conseguem destacar o erro. Meu erro, inclusive, é não parar de ver um filme que não está me agradando. Sou desses. Sou também só um cinéfilo inveterado (e lesado) que, antes de assistir a algo, não sabe que é sempre bom reparar naquelas estrelinhas de avaliação dos filmes. Esse tinha uma estrelinha apenas. Se fosse para me avaliar depois disso tudo, é só isso mesmo que eu mereço.

luiz-cabral-

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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