Todo mundo que um dia se aventurou na cozinha sabe que o arroz branco, mesmo sendo um ícone bastante comum de nossa culinária, não é nada simples de ser feito. O mesmo eu diria sobre a relação amorosa. Parafraseando Freud, nosso grande chef da mente humana, “se amo, sofro; se não amo, adoeço”. Aprender a fazer um bom arroz branco também é sofrido.
Nos primeiros passos, sempre contamos com a sorte, sorte essa que nem sempre está do lado dos aventureiros. Disso se deduz sobre o arroz: se cozinhar demais, empapa; se faltar água, fica cru e se esquecer no fogo, queima. Em se tratando do amor, alguns até poderiam dizer: antes um arroz com muito fogo que com muita água. Sobre isso, não cabe opinar, vai do gosto de cada um.
No que diz respeito à relação a dois, sou da opinião dos grandes cozinheiros sobre o ato de cozinhar: não basta ter talento, é preciso muita experiência e dedicação. Encontrar o sal que te agrade, o ponto do arroz que mais satisfaz o gosto e, claro – por que não dizer – os condimentos.
É estranho pensar que, no início de uma relação, o casal está como que sempre em busca de melhorar o prato, acrescentando alho, cebolinha e salsa, quem sabe até experimentando o sal marítimo ou do Himalaia. Com o tempo, porém, diferentemente da experiência na cozinha, o arroz a dois vai perdendo o cheiro, a cor, enfim, o gosto, tornando-se um prato ideal para cardíacos – que não podem sofrer com o coração.
Com isso não quero dizer que para viver bem a dois é preciso sofrer ou coisa parecida. Mas, sim, que amar é como cozinhar. Não se começa um prato sabendo qual vai ser o resultado final, porque isso é uma mentira, pra não dizer sem graça. Com isso quero dizer que no amor ou na cozinha sempre há espaço para pequenas surpresas.
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