“A Bela e a Fera”
Imagine viver sem os contos de fadas… Sem a ilusão da infância, a magia das belas histórias, o encantamento constante, o brilho certeiro nos olhos, a necessidade latente do bem vencendo o mal. Muitas animações que saíram dos contos infantis fizeram um sucesso tão estrondoso que ultrapassaram as barreiras da idade e conquistaram não só as crianças, mas uma unanimidade de adultos. E é dando sequência a essa conquista que os estúdios Disney estão investindo cada vez mais nas versões de seus clássicos em live action, que são as novas superproduções com atores para aqueles velhos, ótimos e encantadores roteiros. Foi assim com “Alice no País das Maravilhas”, “Cinderela”, “Malévola”, “Mogli: O Menino Lobo” e, agora, com o remake do tão esperado “A Bela e a Fera”, em cartaz nos cinemas.
A aventura (inspirada e recontada fielmente a partir da clássica animação de 1991) relata a fantástica jornada de Bela (Emma Watson), uma jovem linda, brilhante e leitora voraz, moradora de uma pequena aldeia francesa, que se torna prisioneira de uma Fera malvada e horrenda (Dan Stevens) em seu castelo – o pai dela fora capturado pela Fera, e ela, então, decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade do progenitor. Apesar da terrível situação, Bela se torna amiga dos objetos mágicos do castelo, aprendendo a ver além do exterior da Fera e descobrindo o coração e a alma de um príncipe.
Tudo isso você já sabe. Não precisava nem eu ter contado. É aquilo que disse no início: o doce roteiro de fadas está grudado em sua mente feito uma tatuagem transparente, inapagável de sua memória afetiva desde os tempos em que ficava entre os livros empoeirados ou enrolado com as fitas VHS na sala. O clássico de 1991 ficou gravado em sua mente. E acredite: você ainda sabe até mesmo algumas falas, partes de algumas músicas ou como eram algumas cenas. Você não se recorda direito, mas, quando se sentar na cadeira do cinema e perceber que a Disney e o diretor Bill Condon reservaram uma adaptação eximiamente fiel à animação, vai voltar um filme inteiro à sua cabeça.
Assisti ao filme no cinema num domingo e, na segunda-feira, revi no YouTube a animação só para provar pra mim mesmo que era exatamente tudo aquilo que estava pensando e recordando. E realmente é… Tudo é rigorosamente leal ao desenho. Os personagens, as cenas, as falas… A devoção à rosa enfeitiçada, o vestido amarelo, a valsa dos enamorados, as músicas que todo mundo sabe… Essas canções, com aquele tom teatral das sequências de “Belle” e “Gaston”, são precisas. “Be Our Guest” foi um pouco exagerado, mas cumpre aquele tom espalhafatoso a que, às vezes, chega um musical. Somente o fato de a produção ter aumentado de tamanho em 45 minutos, justamente para dar mais vida à história, já aponta a diversidade dos dois filmes. Mas deixamos claro: a repetição desses símbolos afetuosos nos mostra semelhanças em produções com ritmos distintos, o que as deixa completamente diferentes.
É óbvio que o remake em live action exige algumas mudanças e outras visões. Se Emma Watson cria uma Bela lindinha, digna e humanizada, mal conseguimos ver Dan Stevens por trás da Fera, que, inclusive, é um tanto artificial e computadorizada, assim como os outros personagens fantásticos do castelo. Sinceramente, nesse ponto, prefiro a animação. Porém, alguns contrapontos elevam a produção como merecedora de um lugar no século XXI. Luke Evans faz o retrato perfeito de Gaston ao aproveitar todas as tolices de macho alfa do personagem, e, ao lado dele, está a polêmica versão gay de LeFou (Josh Gad), escancarando o que era enrustido em 1991 e dando devidos e beneméritos momentos cômicos à produção.
Resumo da ópera, quero dizer, do musical… a Disney acertou, com belas recordações nos presenteou e já até noticiou: com o gigantesco sucesso desse “A Bela e a Fera” – que já arrecadou US$ 170 milhões em território norte-americano e, com os US$ 350 milhões obtidos internacionalmente, tornou-se o musical live action de maior sucesso da história do cinema –, outros filmes irão te proporcionar essas mesmas deliciosas sensações e já estão em ritmo frenético de produção: segundo a Disney, “Alladin”, “O Rei Leão” , “A Pequena Sereia”, “Dumbo” e “Mulan” serão os próximos live actions. Ou seja, prepare-se para se viciar nessa nova onda e, entre amores e feitiços, reviver os melhores momentos de sua infância.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.