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Comida de verdade e os avós

  • por em 26 de julho de 2016

Pensou em avó mineira, pensou em mesa cheia. Broa, pão de queijo, frango com quiabo ou ao molho pardo, porco na lata, couve refogadinha com bastante alho… Mesmo que seus avós não sejam desses de mão cheia, provavelmente você conhece alguma avó mineirinha assim – e um avô que não abre mão de um bom café coado na hora, fresquinho, com aquele cheio de casa de vó.

Nossos avós nunca tiveram acesso a shakes, bolo sem glúten, margarina e poucos gostam de refrigerante. E quem ainda tem os avós vivos sabe: eles se mantém vivíssimos, comendo de tudo que a gente se pergunta se deveria ou não comer.

Para os netos de avós bem velhinhos – lá se vão 80 ou 85 anos – é surpreendente vê-los cozinhar com gordura, comer pão francês com manteiga pela manhã, beber leite integral e se manterem na melhor forma física e tomando alguma medicação só por ‘probleminhas de fábrica’. E aí eu me pergunto: “porque a gente insiste em inventar moda sobre alimentação?”.

Alguém vai me responder que isso acontece porque problemas como doença celíaca, diabetes, intolerância a lactose, câncer (e qualquer outra doença que tenha relação com alimentação) estão cada vez mais prevalentes, e alguns dirão que é tudo culpa do glúten, da gordura, dos carboidratos e etc.

De fato temos uma população idosa que tem câncer, diabetes e etc. Muitos deles inclusive faleceram sem um diagnóstico, uma vez que cada vez mais a ciência está mais avançada nesse ponto. Mas se olharmos para os nossos antepassados, eles sofriam menos e comiam melhor. Meus avós, de 93 e 95 anos, nunca viram uma barra de cereais, desacredito que conheçam refrigerantes e nunca deixaram de lado a manteiga. São nesses alimentos que encontramos glúten, carboidratos e gorduras que estão adoecendo a humanidade e nos tornando cada vez mais obesos.

Além disso nossos avós tiveram o privilégio de envelhecer em cidades que o deslocamento pode ser feito a pé, fazendo-os gastar o máximo de energia possível. E não é aquela 1 horinha de academia que compensa um mundo de alimentos fit: é uma vida ativa compatível com o consumo de #comidadeverdade.

Nesse dia dos avós, fico pensando se seremos uma geração de avós que sofreu tanto fazendo dietas da moda, arrependidos de não terem aprendido o equilíbrio, pensando em quantas coisas gostosas a gente poderia ter comido e não comeu e tentando disfarçar nossa idade a todo custo (a cada dia queremos ser mais e mais jovens, abusando dos recursos estético e pseudo nutricionais).

Somos uma geração doente, gostamos de ser intolerantes, gostamos de precisar de comida em pó e em cápsula, gostamos de inventar novas modas, procuramos soluções em alimentos mesmo sem ter problemas.

As vezes, mesmo lutando para uma saúde de ferro nós adoecemos quando nos tornamos mais velhos. Então porque adoecer antes mesmo da velhice chegar?

Por isso, nesse dia dos avós, eu desejo que todo mundo tenha a sabedoria deles. Não vamos ser a geração de avós que oferecem barrinhas de cereais e lasanhas prontas pros nossos netinhos, e muito menos que servem sem glúten, sem lactose, sem açúcar, sem gosto e sem graça. Eu desejo que nossos netos tenham o privilégio de avós como os nossos, ou pelo menos com um mínimo contato com a cozinha, sem terrorismo nutricional e com muito equilíbrio. Não vamos conseguir fugir totalmente dos industrializados, mas pelo menos que a gente saiba usar, com a sabedoria dos avós!

Até a próxima!

assinatura marina nogueira

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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