Evento de moda, Minas Trend, é pra quem? - BH DICAS
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Evento de moda, Minas Trend, é pra quem?

  • por em 11 de abril de 2017

Pouca representatividade, marcas que não oferecem tamanhos variados e ignoram diversidade em um ambiente hostil.

Victor Dzenk Minas Trend - Verao 2018 Foto : Marcelo Soubhia/FOTOSITE

Minas Trend. O evento que coloca Belo Horizonte no calendário da moda do país. Será?

Logo que comecei o blog, achava o máximo. O primeiro que eu fui, sentei em um lugar especial, ganhei brindes (e eu amo brindes), vi pessoas famosas que eu admiro, marcas bacanas e mineiras, vi todos os desfiles, fiquei encantada com as roupas e com esse universo, e pensei: esse evento tem tudo a ver com o BH Dicas. O Blog não é focado em moda, mas fala da importância e da valorização do que acontece aqui na cidade. E um evento desse porte, vale a dica. Ou valia. (?)

Na segunda vez que pisei lá no Expominas para o evento, já não foi a mesma coisa. Primeiro que cansa. Só que a euforia da novidade de fazer parte do evento é tanta que você não liga. Era a minha  segunda vez, e eu estava um pouco cansada, não assisti a todos os desfiles, me incomodei com alguns egos inflados que cruzaram o meu caminho, já não achei tão legal ver algumas celebridades – na verdade isso foi até bom para eu cair na real de que nem todo mundo é como parece, e lembro de ter pensado: “Será que quem acompanha o bhdicas está interessado em saber o que desse evento? Vale a pena passar por isso?”. Me diz, você.

Na terceira vez que fiz meu credenciamento, já foi assim, bem difícil pra mim. A colunista de moda do Blog na época, estava em São Paulo e não ia poder comparecer ao Minas Trend. Ou seja, era eu mesma ou nada. Já comecei a sofrer no mês anterior. Estava cansada e com preguiça, antes mesmo de chegar lá. Mas fui. Escolhemos juntas alguns desfiles, respirei fundo e quando acabou, tive a certeza: “Não vale a pena falar de um evento que não me representa.” O Blog fala sobre meu olhar de Belo Horizonte, e esse evento, nesse formato, nada tem a ver com o que eu acredito para a cidade, nem para o mundo, para as pessoas que vivem nele.

Moda.  Gosto de novidades e acho que o que importa mesmo, é você se sentir bem e bonita com o que escolher colocar. Me interesso pelas histórias das marcas e também em como elas se comunicam com os consumidores belorizontinos. E olha, tem alguma coisa muito errada.

Eu não correspondo aos padrões colocados aí pela mídia / sociedade e como se não bastasse o cotidiano estranho, ir a um evento desses, pode abalar (e muito!) a auto estima de qualquer uma. Nas passarelas, modelos a cada edição mais esqueléticas e com uma cara péssima. Eu sei que deve ter um regulamento que diz que as modelos não devem demonstrar que são seres humanos, mas me dá dó assistir ao vivo, cabides andantes com ar de depressão. As roupas? Lindas, mas não são para todas as mulheres. É como se você fosse inadequada. Mas só que você não é. Mas tudo que acontece ali, se você não tomar cuidado, te leva a acreditar que o problema é mesmo seu.

Eu parei. Cansei de ver mais do mesmo. Cansei de não me sentir representada. Não vou e não falo sobre o evento até que aconteça alguma mudança. Na última edição, uma surpresa. Não acho que seja a mudança que espero, mas é um sinal. Vitor Dzenk lança coleção em parceria com Pretal Gil. A cantora fecha o desfile – e o Minas Trend, e lacra com a reflexão sobre a importância das marcas voltarem o olhar para as mulheres reais. Uma marca, dentre tantas. Vale parabenizar o estilista pela postura, coragem e coleção. Que realmente está maravilhosa.

Não sou de produzir esse tipo de post, tanto que quando não acho interessante alguma coisa, simplesmente não comento nada sobre o assunto. E foi assim, desde a última edição que participei. Quero dizer ainda, que já tem um tempo que a Jô, do Futilidades, me convidou para participar do grupo #umpaposobreautoestima – o Blog delas, mudou o posicionamento e tomou um rumo super legal em prol da auto estima feminina, e desde então, está mais difícil passar por certas situações, calada. Sim, grupos operam milagres nas pessoas e eu, que achava que estava ok de auto estima, descubro cada dia que passa que com um pouco de sororidade as coisas ficam muito melhores e a vida, bem mais fácil. Aproveito para agradecer!

Não sei o que esperar daqui pra frente.

Até!

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Poste escrito em 2017, postado em 2023. Fui revisitar os conteúdos gerados e esse estava no rascunho. Achei pertinente para o momento que estamos. Falo mais sobre a edição de 2023 aqui.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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