"Estômago": um filme que vai te instigar a cozinhar
BH DICAS

Fisgado pela boca!

  • por em 27 de abril de 2018

“Estômago”

Sempre gostei de comer bem. Minha vó Tercília sabia disso e, quando chegava a hora do almoço na roça, me oferecia aquele prato inesquecível com a melhor macarronada do mundo. Minha mãe, Iêda, também sabe muito bem que o filho é bom de garfo: nunca deixo no prato um restinho que seja quando ela faz nhoque, batata baroa cozida ou fricassê. Mas, também, comida de mãe é mesmo imbatível, né?! Morando sozinho, a história é outra. Não sei fazer nada, só ovo! E olha que minha tentativa de omelete vira ovos mexidos naturalmente – comigo, eles têm vontade própria. O fato é que não procuro aprender a cozinhar mesmo; deixo esse trabalho amoroso e invejável para aqueles que têm talento. Luccas Oliveira é um desses que têm o dom. Desde quando o conheci, passei a comer muito bem, pois é nítido que a preocupação dele é com a saúde, com o sabor, com o amor – acredito que essa deva ser a chave para o sucesso gastronômico. Assim, outro dia, minha amiga Carol Pacheco, que também cozinha muito bem, postou no Facebook dela uma lista que, mesmo eu já estando com a barriga cheia, me deu muita fome: “154 filmes de gastronomia que vão te instigar a cozinhar”. Bom, já que eu não sei cozinhar, mais do que depressa, chamei o Luccas para assistir a “Estômago”, um filme nacional de 2007, do diretor Marcos Jorge, com o talentoso ator João Miguel como protagonista. Assim, quem sabe sairia um jantarzinho de leve, não é mesmo?

O filme é ótimo e contrasta até mesmo com outros filmes de culinária. Retrata a arte de cozinhar, o prazer de beber um bom vinho e o capricho na hora de temperar. Porém, um certo crítico foi direto ao ponto: “Os filmes que falam disso são geralmente românticos, bonitos, leves. ‘Estômago’, como o título evidencia, é um filme visceral, cru e realista”. E é isso que faz dele um filme diferente e interessante para assistir em casa. Raimundo Nonato (João Miguel), um pobre nordestino que chega à cidade grande sem um centavo, descobre ter um talento nato para a culinária em dois ambientes: num restaurante surrado e numa prisão. Dessa forma, comida, sexo, prazer e poder ditam as regras do filme.

Aliás, essas quatro palavrinhas mostram a direção de qualquer filme sobre culinária – ou, melhor dizendo, sobre qualquer cena da nossa vida. Vá para a cozinha de “Sem Reservas” (2007) e acrescente algo mais fino e delicado, como de “Os Sabores do Palácio” (2012). Separe um tempo para o drama de amizade em “Tomates Verdes Fritos” (1991) e para a trama de uma Penelope Cruz desesperada em “Volver” (2006). Aprenda receitas deliciosas com Meryl Streep em “Julie & Julia” (2009) ou como seduzir com Will Smith em “Hitch, Conselheiro Amoroso” (2005). É bom jogar uma pitadinha de romance: “Cartas para Julieta” (2010) é uma ótima indicação para comer com os olhos e também usá-los para chorar. E quem disse que não dá para fisgar os pequenos pela boca? “Ratatouille” (2007), “Os Sem-Floresta” (2006) e “Tá Chovendo Hambúrguer” (2009) são animações que vão deixar você e a turminha famintos. Para a sobremesa, nada melhor que aquela pérola de cacau dos sonhos retratada na tela: “Chocolate” (2000) e “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005) vão te deixar com água na boca.

Com todas essas receitas certeiras e cinematográficas, você não precisa da comida da mãe, da avó ou de pessoas queridas pra aguçar o seu “Estômago”. Comece mudando sua rotina, “Como Água para Chocolate” (1992). Faça uma “Dieta Mediterrânea” (2009), intercale seus dias “Entre Vinhos e Amores” (2007) e prepare um “Jantar entre Amigos” (2001), pois, nunca se esqueça, “O Amor Está na Mesa” (1998). Agora, o que você precisa mesmo é de tempo pra ver essas gostosuras e provar a delícia que é “Comer, Rezar, Amar” (2010).

Até semana que vem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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