Já dizia Jean-Paul Sartre: “O inferno são os outros”. Por mais que você tente fazer sua parte, ter uma mente valiosa e brilhante, buscar modos de vida saudáveis, se enveredar pelos atos de gentileza ou se agarrar aos costumes sustentáveis, tudo para manter uma convivência rica e consciente no mundo e para o mundo, infelizmente existem aqueles que desviam seu olhar, mudam sua rota, te abduzem para um caminho obscuro.
Depois de lidar com a família de Cristo em “O Código Da Vinci” e os Iluminatti em “Anjos e Demônios”, ambos best-sellers de Dan Brown que também viraram filmes, Robert Langdon (Tom Hanks) ressurge em “Inferno: O Filme” e se envolve com um milionário obcecado por Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia”. Bertrand Zobrist (Ben Foster) acredita que a humanidade está prestes a ser extinta e induz como única solução, para evitar isso, matar boa parte dos habitantes da Terra com um possante vírus. E é dele que sai a ameaça: “Há um interruptor. Se acioná-lo, metade da população da Terra morrerá. Mas se não acioná-lo, em cem anos a raça humana será extinta. Você é a última esperança da humanidade!”.
O longa do diretor Ron Howard, em cartaz na capital, um suspense-ação-policial que se passa na belíssima Florença, na Itália, mostra a história de Langdon, que acorda em um hospital, com um ferimento na cabeça provocado por um tiro de raspão. Bastante grogue, ele é tratado por Sienna Brooks (Felicity Jones), uma médica que o conheceu quando ainda era criança. Langdon não se lembra de absolutamente nada que lhe aconteceu nas últimas 48 horas, nem mesmo o porquê de estar em Florença e de iniciar uma fuga incessante. O protagonista entra no universo de Dante, buscando entender não só o que lhe aconteceu, mas também o motivo de estar sendo perseguido.
A fuga e a busca realmente são incessantes, mas, nas palavras de Dante, “o demônio não é tão negro quanto se pinta”. É claro que se você estivesse no lugar dele, iria também tentar salvar o mundo, mas qual a lógica disso tudo, de tentar salvar a humanidade, se a destruímos um pouco a cada dia; se, em pequenos atos diários, conseguimos acabar com o que resta de esperança de um futuro promissor. Falo isso pela natureza, pela fauna e flora atacadas, pelo consumo deliberado, pelo mau humor exagerado. A perda desse mundo, seja ele de destruição ou de compaixão, é que dói – pois somos feitos de amor, mas nos acostumamos a nos mover pela revolução e pela autodemolição.
Dante também disse: “Quanto mais perfeito é algo, mais dor e prazer sentimos”. Aquela doce e velha ambiguidade. Aquele certeiro e adverso antagonismo. Nascemos para viver, e vivemos para morrer. Só que, nesse meio tempo, buscamos a felicidade nas pequenas coisas, para que elas se tornem grandes e esse tempo de vida se transforme no maior e mais sonhado tempo possível. A perfeição da vida está nessa dor e nesse prazer, pois, se não tivéssemos algo a perder, não iríamos procurar sempre por algo a ganhar? Só Dante completando mesmo: “Não há maior dor do que recordar a felicidade nos tempos de miséria”. Só li verdades!
“O mundo é cego, e tu vens exatamente dele”, palavras de Dante. Não vá achando que você é um Robert Langdon, travestido de Tom Hanks, e que vai mudar o mundo. Você é parte dele. Tem o dever de cuidar dele, sim. De disseminar o que é positivo para a humanidade e abrir os olhos de muitos que pensam e sentem como você. Isso você pode fazer. Mas ninguém é capaz de cuidar da cegueira dos incuráveis. E, por mais que tenhamos atitudes de mocinhos, sempre vão existir vilões. Às vezes, até escondidos dentro de nós. “No inferno…” – seja ele de Dante ou de tantos outros – “…os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”. Esta é a receita, este é o caminho. Uma busca constante para fugir do redemoinho.
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