Se tem um papel para o qual somos treinadas desde o dia em que nascemos, é o tal ser mãe. Desde sempre, sem mais nem menos, já nos dão uma boneca, que deve ser nossa filha. Ela serve para que treinemos, pois cresceremos e nos tornaremos mães (pelo menos teoricamente). Nos ensinam tudo. Trocar fraldas, dar comida, passear com o carrinho… Mas nesse processo todo, tem uma situação bem peculiar, da qual nada sabemos até viver a experiência: que é engravidar!
Não importa se você é gorda ou magra, o que importa é que se você engravidar um dia, passará por medos, anseios, culpas… tudo junto e misturado. Porém, quando se é grávida gorda, o quesito culpa pode ter sua carga aumentada proporcionalmente ao seu peso corporal.
Chegamos à essa conclusão, após conversarmos com algumas mães plus size, que foram essenciais para que escrevêssemos esse texto. Foram elas: Carol Kerbidi (A FDP parece familiar não é?), Gabriele Menezes do @garotasgordinhas, nossas amigas Mariana Soares e Vanessa Trota. Todas com histórias e superações magníficas que nos lembram que, apesar de todos os problemas que enfrentamos, nunca estamos sozinhas.
O primeiro ponto que precisamos lembrar é que, mesmo que nossa saúde seja perfeita ao longo da vida, pode ser que desenvolvamos algo em nossa gestação. É um momento mais delicado. Todas as mulheres grávidas tem que ter um cuidado redobrado, para sua proteção e a do bebê. Talvez por isso, todas as mães relataram medos e incertezas, ao receberem o exame positivo de gravidez.
O problema é que junto a todos esses receios normais desse momento, as mamães plus size ainda precisam somar aquela dose de preconceito que vivemos todos os dias. Se você é gorda já está bem acostumada, mas quando se é gorda e grávida, a proporção desse preconceito tende a aumentar. Ao que parece, quando a gorda engravida, já entra no consultório com uma placa na testa escrito: “Diabetes Gestacional”. Não é o caso! É claro que ela pode acontecer, mas com qualquer mulher, independente de seu peso. 50% de nossas entrevistadas tiveram diabetes gestacional, mas 50% não tiveram, o que mostra que isso é uma loteria, e independente do peso você precisa cuidar de você e ser bem assessorada.
Mas além da questão da saúde, a gestante tem diversas barreiras sociais de preconceito. Cada a visita ao médico durante esse período, pode se tornar uma experiência traumática. A Carol por exemplo, ouviu de um médico (que, btw, era gordo), que todos os problemas pelos quais ela estava passando naquele período, se deviam ao fato dela ser gorda! Claro que é importante frisar que tais problemas eram conjugais, já que sua saúde permaneceu perfeita durante toda a gravidez.
Já com a Mariana, o preconceito virou violência obstétrica. A médica plantonista durante uma visita de rotina, simplesmente queria fazer o parto antecipadamente, em razão do peso da gestante. Como a Mariana estava bem assessorada e ciente do seu quadro médico, não pestanejou em se negar a aceitar tal imposição. Com isso, a médica fez com que ela assinasse um termo de responsabilidade, fazendo o maior terror com ela. Posteriormente, Mariana deu a luz à Bruno, lindo, saudável que nasceu no tempo certinho.
A Gabi, quando recorreu ao seu ginecologista para verificar o motivo de sua menstruação estar atrasada, ouviu que só poderia ser problema de tireoide. Afinal, se é gorda, tem problema de tireoide, não é mesmo? A tireoide nasceu poucos meses depois e se chama Nícolas!
Os problemas sociais enfrentados nesse período são inúmeros, mas aprendemos algo bem legal com a Mariana, uma de nossas entrevistadas. Existem diversos grupos de apoio a essas mães gordas nas redes sociais, não é um máximo? Segue o link de um dos grupos que a Mari participa #cliqueaqui .Não hesite em pesquisar por esse mesmo tipo de grupo perto de você. Eles permitem uma troca incrível de experiências, que garantem que você não está sozinha.
Quando o assunto é moda, a Mariana e a Vanessa relataram muita dificuldade em encontrar roupas que bem lhes coubessem durante a gestação, e a Gabi, no momento enfrenta problemas para encontrar roupas que lhe permitam amamentar. Nesse quesito o mercado ainda é cego, não há roupas para gestante e lactante plus, então temos que nos ajeitar. Costurar, cortar, remendar, dar nosso jeito enquanto o mercado não nos enxerga.
Bom, ser mãe não é tarefa fácil e já começa árdua desde a concepção, e nas grávidas plus size pode ser ainda mais complicado. Entretanto, com a ajuda dos profissionais certos e o apoio das pessoas certas, essa fase pode ser muito mais leve. A chave talvez seja encontrar o obstetra ideal. Vá a vários se precisar, mas faça seu pré natal com aquele que desenvolver maior afinidade, que te respeite, te compreenda e te ajude. Se conseguir, vá ao nutricionista, ele também será de grande valia no processo. No fim, ame seu corpo e cuide dele, pois é ele que está gerando e carregando seu bem mais precioso, seu bebê.
Mil beijos das Garotas FDP!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.