Armazém que vende de tudo há mais de 70 anos sobrevive de maneira heróica aos grandes comércios e se torna um oásis em meio à pasteurização vigente em Belo Horizonte

Por Daniel “Nenel” Neto

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Um pequeno comércio fincado numa movimentada esquina e que resiste bravamente à pasteurização e ao mundo globalizado. Eis o Armazém do Zé Totó, no Bairro Aparecida, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

Aberto em 1943 pelo pai de José Alves dos Santos, o Zé Totó, o negócio se mantém graças à fiel clientela da região e à diversidade de produtos oferecidos. De bola de gude a artigos religiosos, de ratoeira a fumo de rolo, de tiras de chinelos Havaiana a ovos de galinha. Estes são apenas alguns entre os incontáveis itens alimentícios, produtos hidráulicos, elétricos e de utilidades em geral. Algo que realmente impressiona.

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Aos 87 anos e cheio de saúde, Zé Totó conta que, se o cliente não achar algo por lá, pode voltar em no máximo uma semana que encontrará o que procura.

Foto: Nenel Baixa Gastronomia

Zé Totó trabalha no armazém desde a abertura do mesmo. Na época, ele tinha apenas 13 anos. Após a morte do pai, em 1950, assumiu o negócio e criou família com o sustento advindo da loja. “Espero que meus filhos e netos continuem com isso aqui por muitos anos ainda”, diz emocionado. Ele já não vai ao armazém todos os dias.

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Quem quiser pode beber uma cervejinha gelada ali mesmo, no balcão, ou na parte de fora, sentado num banquinho, vendo a vida passar. A Brahma sai a R$6 e pode ser acompanhada por uma porção de queijo com mortadela (R$8) ou por um saquinho de pimentinha. Mas, pra ser sincero, o que menos importa ali é a comida. O negócio é ser feliz em um lugar com tanta vida e tanta história.

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Nesta era em que os gigantes engolem os pequeninos com cada vez mais facilidade, a venda do Zé Totó resiste heroicamente, tendo como base elementos de antigamente, como bate-papo, amizade e confiança. Este último quesito é, inclusive, fundamental para a existência das antigas cadernetas, onde são anotados os valores que os frequentadores mais conhecidos devem à casa, no velho sistema de “pendureta”.

O Armazém do Zé Totó fica na Rua Aporé, 500, no bairro Aparecida. Funciona de domingo a domingo, de 8 da manhã as 9 da noite, e só não abre na Sexta-Feira da Paixão. Pagamento somente em dinheiro.

Eis um lugar maravilhoso, verdadeiro e cheio de alma. Saúde e vida longa ao Zé Totó!

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Foto: Nenel – Baixa Gastronomia

Foto: Nenel

ARMAZÉM DO ZÉ TOTÓ

Rua Aporé, 500 – Aparecida.

Belo Horizonte, MG.

Telefone: (31) 3428-3066.

bhdicas

Ver Comentários

  • Meu velho pai,Seu Jorge,teve uma mercearia por décadas no Bairro da Serra-Mercearia Palmira-em homenagem a milenar cidade da Síria,terra de meus avós!Era sortida,vendia de tudo-feijao,alpiste,arroz(a granel),biscoitos Cardoso, café Câmara moído na hora, guloseimas (eu adorava).Era ponto de encontro dos serranos,onde um bate papo amigo era a tônica.Que saudade desse tempo risonho e feliz ,de uma Belo Horizonte que não existe mais.
    Obrigado pela reportagem!

    • Ei Marcelo!!!
      Que legal essa história. Vou passar para o Nenel, tenho certeza que ele vai adorar!
      Muito Obrigada por visitar o blog.. e volte sempre.
      Abraço,
      Virgínia

  • Morei muitos anos no Aparecida. Meu avô (Seu Zico) tinha uma padaria a um quarteirão do Zé Totó! Será que ele ainda tem a sua vemaguete?

    • Oi Magno,
      Tudo bem?? Que legal... seu avô ainda tem a padaria?
      Já quero conhecer também.
      Obrigada pela visita.
      Até breve
      Virgínia

  • Que maravilha! Quanta saudade, a mais de 40 anos, na minha infância eu ia aí no Zé Totó. Qualquer coisa que precisasse minha mãe dizia: Vai lá no Zé Totó que tem. Salve Zé Totó!

  • Meu velho pai,Seu Jorge,teve uma mercearia por décadas no Bairro da Serra-Mercearia Palmira-em homenagem a milenar cidade da Síria,terra de meus avós!Era sortida,vendia de tudo-feijao,alpiste,arroz(a granel),biscoitos Cardoso, café Câmara moído na hora, guloseimas (eu adorava).Era ponto de encontro dos serranos,onde um bate papo amigo era a tônica.Que saudade desse tempo risonho e feliz ,de uma Belo Horizonte que não existe mais.
    Obrigado pela reportagem!

    • Ei Marcelo!!!
      Que legal essa história. Vou passar para o Nenel, tenho certeza que ele vai adorar!
      Muito Obrigada por visitar o blog.. e volte sempre.
      Abraço,
      Virgínia

  • O Zé totó faz parte da vida de todos que moram ou já moraram pelas redondezas. Sempre que passo pela Aporé, paro no armazém e me dá uma saudade!!! Que o Zé totó sobreviva por muitos anos!!

  • Que coisa boa !!
    Saudades dos temos de infância e felicíssimo em saber q ue ainda existe um ambiente assim em BH.
    Parabéns pela matéria leve e saudosista.
    Um alívio em meio a tantas manchetes negativas em um tempo dominado pela mediocridade e feiúra!

    • Ei Mariltoin!
      Tudo bem? Obrigada pela mensagem. Vou repassar ao Nenel do Baixa Gastronomia. Ele é colunista aqui no BH Dicas e foi quem escreveu o post.
      Uma abraço

  • Morei muitos anos no Aparecida. Meu avô (Seu Zico) tinha uma padaria a um quarteirão do Zé Totó! Será que ele ainda tem a sua vemaguete?

    • Oi Magno,
      Tudo bem?? Que legal... seu avô ainda tem a padaria?
      Já quero conhecer também.
      Obrigada pela visita.
      Até breve
      Virgínia

  • Já precisei de cordas de cavaquinho às 3 da madruga qdo ticávanos numa festa e arrebentou! Onde achei pra continuar o baile! Lá no Totó! :)

  • O Zé totó faz parte da vida de todos que moram ou já moraram pelas redondezas. Sempre que passo pela Aporé, paro no armazém e me dá uma saudade!!! Que o Zé totó sobreviva por muitos anos!!

  • Fui criado e morei por 27 anos no Bairro Aparecida, O Armazém do Sr, Zé Totó, é uma referência para o Bairro, de uma Agulha a Querozene, Cimento, Enxofre, de tudo se encontra ali, saudades de minha infância e o período de adolescência, neste Bairro, fora a cordialidade no atendimento, Vida Longa ao Zé Totó.

    • Alberto,
      Muito obrigada pela visita e por dividir com a gente um pouquinho da sua história.
      Amém. Que o Ze Totó sobreviva e mantenha a tradição, viva.
      Até breve!

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