Categories: Fica a dica

Essa insolente obsessão…

“Obsessão”

Tá procurando um suspense daqueles, que vai te causar angústia pelo sangue derramado, aversão e nojo pelo sexo sujo e escancarado, repulsa pelo preconceito racial e sexual embutido e curiosidade pelo fazer e prazer jornalístico do passado? Pois então, procure na Netflix o filme “Obsessão”, do diretor Lee Daniels, com um roteiro muito bem alinhado e escrito por ele mesmo e Pete Dexter, autor do livro que deu nome (original) ao filme: “The paperboy”, de 1995. Com a narração linear da personagem Anita, uma empregada doméstica atrevida interpretada pela cantora/atriz Macy Gray, o filme mostra uma Flórida quente, assim como todos os elementos ao seu redor. Desde a fotografia saturada até os desejos incontrolados de todos os seus personagens completamente obcecados, tudo está pegando fogo!

Peço licença ao crítico Roberto Cunha, do Adoro Cinema, para relatar aqui a sinopse que ele fez no site, que perfeitamente descreve o filme: “Hillary Van Wetter (John Cusack) foi condenado a morte pelo assassinato de um xerife racista, em uma pequena cidade da Flórida, no final dos anos 60. Ward (Matthew McConaughey) trabalha para um grande jornal da metrópole e decidiu fazer uma matéria, tentando provar que houve injustiça. Para isso, ele vai contar com a ajuda de seu irmão mais novo, Jack (Zac Efron), que ainda mora na região do crime. A investigação, porém, começa a ganhar contornos perigosos quando o jovem, que nunca aceitou o abandono da mãe, se apaixona pela fogosa Charlotte (Nicole Kidman), mulher mais velha que tem o estranho hábito de trocar cartas com homens presos. E a coisa só piora na medida que algumas descobertas sobre o caso revelam-se nada verdadeiras”.

A obsessão de Ward pela notícia (ou pela verdade propriamente dita), a obstinação de Jack por Charlotte (ou por sua atenção, inclusive carnal), o tesão de Charlotte por presos (ou por um específico e insano detento) e a compulsão de Hillary por sair da prisão (ou por provar que é inocente, porém nada imaculado) é presente do início ao fim do filme. Há uma insistência em mostrar essa “obsessão”, o que não diminui o filme, só aumenta o trabalho dos atores, que dão um show de interpretação que já vale o filme – John, Matthew e Nicole já são conhecidos por excelentes atuações, e Zac parece mesmo ter saído do casulo do “High School” e desabrochado em um grande papel.

À medida que as cenas passam, e a exigência do afiado elenco aumenta, você se questiona: até que ponto vale essa obstinação? Será o fatídico e precoce fim o rumo de toda essa preocupação? Tudo bem, não estamos atuando em um filme de suspense sangrento, mas já reparou que tudo que é demais ou insistentemente compulsivo a tendência é a perda do controle? Vícios, assédios, importunação e impertinência são doenças incuráveis da sociedade que deixam cortes profundos na pele de vítimas. Muitas vezes letais. Esse é o retrato diário da capa do Super, o medo constante do sacrificado, o irremediável tormento, a patológica tortura.

Se alguém soubesse como lidar com a fixação, já teria produzido um rico manual, uma lista necessária do que ou não fazer para sobreviver, para fugir da alienação. Só quem vive uma perseguição é que sabe a dor infinita da preocupação. O que Hillary, Ward, Charlotte e Jack sentem vai muito além da obsessão: seria uma insolência teimosia em rápida absorção ou uma fanática neurose em plena evolução?

bhdicas

Ver Comentários

  • Essa coluna de filme é boa, mas não sei se o filme de hoje vou gostar.
    Podiam falar de séries também.

Posts Recentes

Minas Travel Market no Minascentro

Em dois dias de evento, a feira estima receber cerca de 2 mil profissionais do…

26 de abril de 2024

Grada Kilomba e Paulo Nazareth no Inhotim

Mostras individuais dos artistas, acontecem nas Galerias Galpão e Praça, e são exposições de longa…

25 de abril de 2024

Sommelier Manoel Beato do Fasano, harmoniza menu

Hoje, o Baretto Belo Horizonte oferece experiência de menu em quatro tempos harmonizado com vinhos…

24 de abril de 2024

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!