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Não é só Paris que pode esperar…

A vida deveria ser guiada por poesias. Por letras, músicas, cenários e rimas. Às vezes, esse é o roteiro, a gente é que não percebe que o filme já está sendo rodado, né?! Por exemplo: perdeu um voo? Não se desespere com os compromissos inadiáveis. Aproveite as horas extras para relaxar, curta mais um dia naquela cidade turística, abstraia aquela raiva momentânea e incontrolável. Acabou a gasolina? Estacione o carro, olhe ao redor, sinta a natureza, respire, inspire e, até chegar o reboque, não busque o sentimento de culpa por ter deixado chegar àquele ponto. Procure a paz de alguns minutos a mais parado, sob o descanso do corpo e da alma. Não conseguiu assistir ao filme no cinema? Espera que ele chega à Netflix. O cachorro fez xixi no tapete? Use o tempo de reclamação para uma comprovada educação. Não conseguiu almoçar? Invista no jantar. Perdeu a hora? Beba um café. Você só precisa de um novo ritmo.

Quem dera se nossa mente trabalhasse com essa engrenagem: sempre limpa, com eixos e cilindros lubrificados e a manutenção em dia. Eu mesmo não consigo aplicar esses mantras com naturalidade e perfeição. É preciso paciência, sabedoria, um aprendizado da vida, uma maturidade que vamos escalando com o tempo, com a ajuda de pessoas ao redor que nos elevam e são como guias para um novo fluxo. No trabalho de estreia de direção em ficção e roteiro de Eleanor Coppola – sim, a mulher de Francis Ford Coppola, dos poderosos chefões e de tantas outras relíquias –, a protagonista vivida por Diane Lane não tem nada desse perfil libertário e instrutivo. Em “Paris Pode Esperar”, em cartaz apenas no Net Cineart Ponteio, na capital, a atriz interpreta Anne, esposa de um produtor de Hollywood (Alec Baldwin) que, inesperadamente, faz uma viagem pela França, o que acaba reavivando sua autoestima e sua alegria de viver. Tudo pelo fato de estar deixando a onda levar, o vento bater, o pau quebrar, a poeira levantar, o fluxo seguir… No filme, Anne está em uma encruzilhada em sua vida.

Casada há muito tempo com o tal bem-sucedido, porém ausente, produtor de cinema, ela se vê em uma viagem de carro entre Cannes e Paris com um sócio de seu marido, Jacques (Arnaud Viard) – este, sim, desprendido, alegre, sedutor, um típico bon vivant francês que parece ter aprendido bem cedo a admirar as belas e simples emoções que a vida reserva. O que deveria ser uma viagem de sete horas torna-se em uma jornada de descobertas, incluindo vistas pitorescas, excelente gastronomia, vinhos, ótimas histórias e muito bom humor.

Tudo começou porque ela não pôde ir com o marido para Budapeste de avião porque estava com uma terrível dor de ouvido. Por isso, a carona de carro até Paris parecia uma boa opção. Os vários empecilhos na estrada são transformados por Jacques em diversão. Muitos de nós não aguentaríamos uma viagem picada, cheia de interrupções, pois o que mais queremos é chegar logo em casa para relaxar. Mas por que não descansar e boiar na correnteza? Muito melhor do que remar contra a maré. Na viagem, Anne se inspira ao tirar inúmeras fotos em cenários tão encantadores, prova os sabores de cada região, se alimenta de um ritmo novo. E é Jacques que mostra pra ela que é possível usar da serenidade e da tranquilidade até em momentos conflitantes e desesperadores. A água do radiador acabou? Vamos parar de uma em uma hora, é bom que esticamos as pernas e fumamos um cigarro. Meu cartão de crédito não está passando, e eu estou sem dinheiro? Me empresta aí, depois te pago. Tá saindo uma fumaça ali, o carro estragou? Vamos fazer um piquenique, olha que paisagem linda! Erramos o caminho? Ah, vamos aproveitar e conhecer essa cidade. Tá com fome? Conheço o melhor restaurante da região. Escureceu? Já reservei um hotel para passarmos a noite.

Quem dera se a vida real fosse de fácil solução como essas perguntas e respostas prontas de um relaxante filme francês. A expectativa é um dia ensolarado, mas a realidade pode ser um tempo chuvoso e acinzentado. O filme, que tem cenários mais interessantes que os próprios personagens ou imagens mais belas que o próprio roteiro – em vários momentos, não sei se torço para a protagonista trair ou não o marido, culpa do roteiro problemático que não define muito bem o interesse dos personagens –, é daqueles típicos de um domingo pra se ver e sonhar a dois. O fato é que devemos focar mais a harmonia do domingo, e não os problemas no script. Você deveria fazer como esse filme, que não tem pressa pra acabar, que só quer saber de relaxar, de viajar, de deslumbrar, de amar… Mesmo porque, não é só Paris que pode esperar!

bhdicas

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